18 junio, 2010

A vida como um continuum cultural

Angela Rojo, bacharel em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, pós-graduanda em Desenvolvimento Humano, Educação e Inclusão Escolar pela UAB-UNB e licenciada em História pela Universidade Paulista Bandeirantes e em Teatro pela UAB-UNB.
angelarojo@hotmail.com

Resumo : Este artigo propõe uma reflexão sobre o curta-metragem de Márcio Ramos, Vida Maria, a integração e a inter-relação dos elementos culturais em padrões de cultura.

Palavras-chaves: Herança social, patrimônio cultural, cultura.

O curta-metragem de Márcio Ramos, Vida Maria é baseado na vida de nordestinos do sertão do Ceará. Acompanhando Maria durante o seu trabalho no sítio onde vive com seus familiares, dos seus cinco aos quarenta e cinco anos, vemos a personagem passar todo seu estilo de viver para sua filha Lurdes. O curta transmite uma ideia de imobilidade temporal em que tudo se transforma para permanecer idêntico ao que era. A vida segue. Vagarosa. Mordaz. O mundo de Maria parece um cativeiro invisível que aprisiona o viver.
A antropóloga norte-americana Ruth Benedict (1887-1948) escreveu em seu livro Padrões de Cultura (1934), que a história da evolução de um indivíduo é, antes de mais nada, o relato de sua acomodação aos padrões e tradições vigentes em sua comunidade. Desde o momento em que ele nasce, os costumes do grupo a que pertence moldam suas experiências e seu comportamento. As primeiras palavras de uma criança são necessariamente pronunciadas em uma língua determinada. Por isso mesmo, essa criança já é um produto da cultura em que vive. Ao tornar-se adulta, já está suficientemente treinada para tomar parte nas atividades da comunidade, com seus hábitos e suas crenças.
A cultura, entendida aqui como herança social, integra individuos a uma entidade étnica e o que se verifica na animação de Márcio Ramos é um processo de transmissão cultural dos mais velhos aos mais novos na proporção em que são incorporados à família. A aquisição e a perpetuação da cultura, entendida como um processo social, é resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite a futuras gerações, o patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados e assim Maria transmite a Lurdes o que aprendeu com sua mãe.
Sobre a cultura portanto, como conjunto de tradições das quais seus membros contribuem para o preenchimento de suas condições existenciais, atuam fatores de persistência e de alteração de conteúdo que se equilibram nas respostas coletivas de sobrevivência do grupo, de geração em geração. E assim, cada geração recebe os elementos vindos de seus antepassados e ao mesmo tempo, vai acolhendo novos elementos que se juntam. Alguns valores são alterados, desaparecem ou são substituídos por novos enquanto que outros, se mantem constantes, vivos, geração após geração. E assim Maria repassa a Lurdes o que aprendeu.

Referências
BENEDICT, Ruth. Padrões de Cultura. São Paulo. Editora Livros do Brasil, 1983.